novembro 12, 2005

Marcos 1.35-39

A maioria das pessoas da vila de Naum permaneceu acordada toda a noite. As curas realizadas no fim do dia anterior haviam dado insónias, até a Jesus. A emoção do Homem-Deus chegou ao rubro, ao ver uma multidão de corações libertados da opressão que sempre os escravizou. Retirar o jugo pesado do pecado, das trevas, da opressão demoníaca, era para Jesus emocionante demais. Era razoável que a noite fosse longa e as horas do sono alargadas. Mas as grandes Pessoas, normalmente dormem pouco! Os vencedores não descansam à sombra das vitórias alcançadas. O momento imediato à vitória exige vigilância, dependência na fonte da conquista.
Muitos são os cristãos que se encostam às "boxes" depois de um momento melhor na vida. Quando alcançam o topo, baixam as defesas. Baixam os padrões depois da vitória! Movidos pela nossa humanidade, no lugar de Jesus, teríamos marcado com os discípulos um almoço especial de celebração no restaurante da nossa escolha. De facto, o momento era propício, e justificava-se plenamente.
A intensidade das vitórias nunca retira do caminho as pessoas com sentido de missão. A perspectiva divina notabiliza-se até que tudo esteja consumado. E para Jesus, nem a vitória O fazia perder de vista a missão que O esperava mais à frente. Uma vitória nunca marca o fim de alguma coisa mas apenas o início. E O Mestre sabia-o muito bem!
A vitória pode ser um rebuçado do inimigo para nos fazer parar. Ela pode atrasar-nos no percurso que deve conduzir-nos, com sentido, com orientação, com determinação. Quantos se confundem nas circunstâncias colocando o dedo de Deus onde Ele nunca esteve? Muitos vêem nos acontecimentos diários aquilo se não desejam ver?vitórias que nunca existiram e derrotas que longe estiveram de acontecer? Somos movidos, na nossa humanidade, por sentimentos de vitória que desejamos alcançar e construímos muros de obsessão que jamais existirão.
O Mestre evidencia um forte sentido de dependência no Pai Celestial. A boa intimidade nunca pode ser relegada, naqueles que querem caminhar até o fim. A oração é um bom substituto ao sono. Provou-o Jesus!
Há anos atrás, movido pelas palavras de Lamentações 2.19, desejei começar um grupo de "vigilantes da noite". Foram convidados muitos homens para interromperem o seu sono, no princípio das vigílias, todas as quartas-feiras, a fim de intercedermos pelas vidas das crianças. Apenas eu e outro amigo, nos prontificamos a iniciar este plano de intercessão. Jesus juntar-se-ia ao grupo dos "vigilantes da noite", estou certo!
O pormenor de Marcos - "Todos te buscam" (v.37), sugere uma pressão vinda do exterior. Por outras palavras, depois do que Jesus fez, fazia sentido na cabeça de Pedro e dos demais que O Mestre estivesse disponível para ser saudado pelos Seus actos. Pedro foi, algumas vezes, adepto da notariedade. Quantos cristãos buscam isso também! Jesus prefere O Pai Celestial à presença dos aclamados. Havia sempre lugar para estar com os pecadores, mas mais na necessidade deles do que na sua aclamação! Para as pessoas com elevado sentido de missão é aquilo que nutre a alma que é procurado. Não o que alimenta o ego!
Não faltarão pessoas que servirão de travão aos intentos da alma que é nobre. Aqueles que mais estorvam o desempenho dos dedicados, são os que estão mais perto deles estão. Aconteceu com Jesus! O Mestre sabia que, se pudessem, os habitantes de Cafarnaum O "prenderiam" ali. Queriam-No só para eles! Noutras ocasiões aconteceu o mesmo: - multidões seguiam a Jesus por causa da multiplicação do alimento. Por maior que fosse o amor de Jesus pelas multidões necessitadas, jamais o Seu ministério seria confinado a um grupo restrito. Gosto das palavras de Lucas - "É necessário que Eu anuncie o Evangelho do Reino de Deus, também às outras cidades, pois para isso é que fui enviado" (4.43). O sentido de missão atinge um nível bem elevado aqui. Nunca nos perderemos desde que sigamos pela estrada! Os atalhos são uma escolha do servo que deseja encurtar caminho e alcançar o fim sem pagar o preço que a missão exige.
No grande coração do Mestre havia espaço para outros pecadores. A geografia do espaço serviu de forma a Jesus, de maneira a organizar o cumprimento da Sua missão. Na Galileia¹ havia outras cidades, repletas de pessoas endemoninhadas, escravas das trevas, a quem convinha anunciar O Evangelho do Reino. Marcos remata - "Então, foi por toda a Galileia, pregando nas sinagogas deles e expelindo demónios" (v.39). Em todo o lugar as pessoas são iguais! Em Jesus, os métodos pouco mudavam! Os fins atingiam o ser indefeso fragilizado pelo efeito do pecado, mas os resultados, esses, marcavam para a eternidade aqueles que tinham a felicidade de com Ele se cruzarem!
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¹Lucas menciona a Judeia (4.44) em vez de Galileia. O escritor Lucas quer chamar a atenção para o grande alcance geográfico da missão de Jesus ao informar-nos que ele se estendeu com o mesmo ritmo até a Judeia; ou, podemos estar na presença de um erro de copista (de notar que Lucas continua em 5.1, descrevendo a narrativa na Galileia).

1 Comments:

Blogger Teorema Editora said...

Feliz Natal e um ano novo repleto das bençãos de Deus.
Graça e paz.

22 de dezembro de 2005 às 14:08  

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