Marcos 1.1
Quem lê o Evangelho de Marcos surpreende-se ao não encontrar a narrativa do nascimento de Jesus Cristo. O seu Evangelho inicia-se com a descrição da "voz do que clama no deserto", uma referência clara a João, o Baptista. Toda a narrativa da vida de Jesus, anterior à primeira descrição, está resumida no início do seu Evangelho. Marcos usa a frase - "Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus". Ao atribuir a Jesus Cristo o título "Filho de Deus", Marcos encerra toda a verdade sobre o nascimento de Jesus Cristo numa única frase. Ele sente que os factos sobre o nascimento e infância de Jesus Cristo não são relevantes para os seus leitores. Marcos concentra-se no Homem que é Deus! No seu Evangelho, reflecte muito bem o carácter experimental do ser humano no encontro com o Filho de Deus. Marcos descreve com precisão os sentimentos de todos aqueles que se confrontaram com o Mestre, recebendo benção, instrução ou correcção. Marcos é um perito em ler reacções e descrevê-las e isso tem muito a ver com o carácter que conhecemos dele. Em muitos casos, o leitor pode muito bem entrar em cena e sentir o mesmo que sentiu o próprio interveniente, pois Marcos "explica", melhor que qualquer outro escritor os sentimentos daqueles que se ligaram a Jesus. O nascimento de Jesus Cristo e a sua infância tornam-se "irrelevantes" para um escritor que não necessita de provar o carácter divino do seu Salvador. Isto poderá ser uma prova de que o escritor terá partilhado da presença do Mestre em alguma altura da sua vida, ou a fonte de onde bebe a narrativa é de alguém que partilhou activamente dos acontecimentos.
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